Cluster One - Pink Floyd

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

A Lição do Profeta Daniel

Estátua de Daniel. Escultura de Aleijadinho, no adro do
Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, Congonhas do Campo, MG.


O livro do profeta Daniel é sem dúvidas um dos mais fascinantes e misteriosos de toda a Bíblia Sagrada. Dotado de uma narrativa envolvente contendo milagres e profecias de profundo significado histórico e espiritual, o mesmo sempre foi motivo de interesse e controvérsias nos círculos teológicos, despertando a curiosidade de leigos e de doutores, aos quais se incluem nomes de peso como Sir Isaac Newton. Este, inclusive, chegou a escrever um livro sobre o profeta, intitulado "Observações Sobre as Profecias de Daniel e do Apocalipse de São João", publicado postumamente em 1733.

Não irei abordar aqui, entretanto, nenhum desses importantes aspectos do livro. Pretendo, contudo, tecer algumas considerações a respeito do contexto geral do livro, e partindo delas, extrair algumas lições que considero importantes para o momento que vivemos. Antes de iniciá-las, esclareço que tomo por verídicos todos os fatos narrados no livro, ainda que minhas constatações dependam menos da historicidade do que da mensagem possível de ser extraída dos tais. Assim procedendo, além de me colocar em consonância com tradição judaico-cristã, ratifico em texto o testemunho da Palavra dado à mim pelo próprio Espírito Santo, divino consolador.

Um importante aspecto a ser destacado é que Daniel e seus amigos Ananias, Misael e Azarias foram levados cativos para a Babilônia para que fossem educados na cultura e costume dos caldeus junto à corte de Nabucodonosor, monarca da então mais poderosa nação do mundo conhecido. Era uma prática comum ao império neobabilônico deportar toda a elite cultural das nações conquistadas, visando a deterioração da identidade nacional das mesmas. Talvez por perceberem que uma espécie de preponderância cultural fosse mais eficaz do que o terror e a carnificina na consolidação da dominação imposta aos povos conquistados, os babilônicos pareciam ser um pouco mais cuidadosos em relação ao trato que deveriam ter para com os cativos se comparados com seus derrotados rivais assírios, considerados cruéis e sanguinários por vários historiadores. Assim, as "finas iguarias" oferecidas aos jovens israelitas logo que chegaram ao palácio do rei foram o primeiro subterfúgio utilizado na tentativa de submetê-los sutilmente e progressivamente aos novos costumes e tradições, até que assimilassem totalmente a cultura do império que conquistara sua antiga pátria. Outras tentativas se seguiriam, como aquela que os proibia de orar ao Deus de Israel ou a qualquer outro deus a não ser aquele da estátua de ouro (Dn 3).

 O que quero enfatizar aqui é que os jovens hebreus estavam em situação similar à que vivemos hoje, e um olhar mais apurado àquela situação possibilita concluirmos que tal similaridade é mais profunda do poderíamos imaginar a princípio. Em todo o contexto bíblico, Babilônia não era apenas uma cidade ou um império, significava porém um conceito que conotava a mais clara oposição ao Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó. A título de exemplos, vemos que a torre construída pelos homens após o dilúvio, que "alcançaria os céus" (em afronta à Deus) estava sobre solo babilônico, Babel (Gn 11). No Apocalipse, a "grande Babilônia" é a "mãe das prostituições e das abominações da Terra" (Ap. 17:5). E nos dias de hoje, vivemos num contexto onde os valores morais judaico-cristãos que por séculos alicerçaram nossa civilização são agora atacados constante e sistematicamente por propagadores de ideologias que, em seu âmago, guardam a mesma oposição ao Deus de Israel e à Sua criação que existia nas religiões e mistérios da antiga cidade caldeia. Que o diga, por exemplo, o sr. Saul Alinski, comunista norte-americano que na nefasta dedicatória de seu livro "Rules For Radicals" louva ninguém menos que o próprio Lúcifer, por considerá-lo o "primeiro radical" revolucionário. Assim, imersos em um mundo hostil à nossa cultura mater, submetidos à investidas - sorrateiras ou explícitas -  contra nossa liberdade, e cercados cada vez mais pela ação de políticas propostas por um governo que não esconde sua antipatia contra quem não queira se submeter aos seus desmandos, a lição que Daniel e seus amigos nos legaram é crucial. Ela é clara: conheçam à Deus, submetam-se à Ele, pois só assim vocês resistirão às investidas do inimigo e as vencerão.

Aos ateus que estiverem lendo digo que a não há aqui qualquer intenção de vinculá-los necessariamente à essa oposição à Deus e aos valores judaico-cristãos. Conheço muitos ateus que respeitam profundamente a religião, e que também desprezam toda e qualquer ideologia que queira destruir as liberdades individuais e os valores caros à nossa civilização. A lição de Daniel e seus amigos, contudo, pode ser assimilada por vocês como um chamado à conhecer e a defender esses valores.

Quanto aos cristãos, principais alvos desse texto, finalizo este texto com a pergunta retórica: faremos como Daniel e os demais jovens, buscando constantemente à Deus e nos mantendo firmes à Ele? Respondamos à nós mesmos, e à Deus, com palavras e ações concretas, se procederemos ou não da mesma forma que eles.  E aos que estiverem dispostos a pagar o preço da resposta afirmativa, saibam que nem fornalhas ardentes, nem covas de leões, nem suásticas, foices, martelos, e nem mesmo as portas do inferno resistem ante à glória, poder e majestade que emanam da Cruz. Seu legado e seu poder têm o mesmo efeito no passado, presente e terão no futuro, pois "Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje, e eternamente" (Hb. 13:8).

Nenhum comentário:

Postar um comentário